0

"A Morte para Começar"

domingo, 4 de janeiro de 2015.
pensando

Resumo do Capítulo I: “A morte para começar” do
Livro “As perguntas da vida” de
Fernando Savater p.13 a 26


Lembro-me muito bem da primeira vez em que compreendi de verdade que mais cedo ou mais tarde eu tinha que morrer. Eu devia ter por volta de dez anos. Não havia escapatória! Que coisa tão estranha e terrível, tão perigosa, tão incompreensível, mas, sobretudo, que coisa tão irremediavelmente pessoal! Claro que aconteceria dali a muito tempo mas... será que já não me estava acontecendo, num certo sentido? E assim, a partir da revelação de minha morte impensável, comecei a pensar.

A evidência da morte não só nos deixa pensativos como nos torna pensadores. Por um lado, a consciência da morte nos faz amadurecer pessoalmente, por outro lado, a certeza pessoal da morte nos humaniza, ou seja, nos transforma em verdadeiros humanos, em “mortais”.

O indivíduo começa a pensar a vida quando se dá por morto. É justamente a certeza da morte que faz da vida – minha vida, única e irrepetível – algo tão mortalmente importante para mim.

A morte não só é necessária como é o protótipo mesmo do necessário em nossa vida; é absolutamente pessoal e intransferível; é o que há de mais individualizador e ao mesmo tempo de mais igualitário; além de ser certa ela é perpetuamente iminente e mesmo e mesmo que às vezes não seja provável, a morte sempre é possível.

No entanto, o dado mais evidente sobre a morte é que costuma provocar dor quando se trata da morte alheia mas, sobretudo, causa medo quando pensamos em nossa própria morte. Alguns temem que depois da morte haja algo terrível, castigos, alguma ameaça desconhecida; outros, que não haja nada, e esse nada é para eles o mais aterrador de tudo. Também há o que temer na própria morte, por sua própria natureza, pois nunca coexistimos com ela.

Enfim, como Spinoza pretende ressaltar: na morte não há nada positivo a ser pensado. Quando a morte nos angustia, é por algo negativo, pelos prazeres da vida que perderemos com ela em caso de nossa própria morte ou porque ela nos deixa sem as pessoas amadas, no caso da morte alheia; quando a vemos como alívio, também é pelo negativo, pelas dores e preocupações da vida de que sua chegada nos poupará. Seja ela temida ou desejada, em si mesma a morte é pura negação, avesso da vida, ela serve para nos fazer pensar, mas não sobre a morte e sim sobre a vida, oferecendo-nos a alternativa mortal de compreender esta vida.

Fonte: Kety Cristina Biscalchin – assistente social do Grupo Unidas/ Piracicaba 
Data de Publicação:  12/6/2006    Fonte: Kety Cristina Biscalchin

Deixe seu Comentário:

Postar um comentário

 
Imprevisível Sentido De Viver © Copyright | Template By Mundo Blogger |
Subir